O senador Renan Calheiros elogiou nesta terça-feira (30) a operação policial conjunta com as Forças Armadas que atacou e destruiu a estrutura montada pelo narcotráfico no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. Em longo pronunciamento feito da Tribuna do Senado, ele parabenizou o governador Sérgio Cabral pela “firmeza e coragem”, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, as Forças Armadas – Marinha, Aeronáutica e Exército – e a Polícia Militar, Civil e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, além da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
“O Brasil e o mundo acompanharam estarrecidos uma onda de ataques praticados onde quase 100 veículos, entre coletivos e carros particulares, foram deliberadamente incendiados por bombas caseiras, a mando do crime organizado do Rio de Janeiro, uma atitude de desespero por parte de quem está perdendo uma guerra capital. A perplexidade inicial, felizmente, deu lugar a um grande alívio com a resposta das forças de segurança”, reiterou. Mas – insistiu – “é preciso resgatar uma dívida com estes homens que, corajosamente, expõem suas vidas e que, muitas vezes têm remunerações aviltantes”. Renan referia-se ao seu Projeto de Lei que fixa o piso salarial para as polícias e o corpo de bombeiros, que está na Câmara dos Deputados (PEC 300) para votação em segundo turno. “Essa justiça salarial não deve ser vista como uma coluna fria na contabilidade governamental. Aumentar os salários é uma questão de justiça social”, salientou.
“Mais do que referência para outros países – continuou – esta interação de forças, a sinergia de tropas como ocorreu no Rio deve servir como ponto de partida para rediscutirmos um novo modelo de segurança para o Brasil. Ações planejadas, coordenadas como a que assistimos no final de semana minam as organizações criminosas porque subtraem destes marginais o que eles mais têm de importante: o território, e implicam em um severo estrangulamento financeiro do crime, decisiva para implodir grandes redes de contrabandos de armas e drogas que passam facilmente por nossas fronteiras ”.
Para Renan, essa ação histórica no Rio de Janeiro iniciou o resgate da imagem da segurança e proteção que a sociedade havia perdido. “Foram várias manifestações de apoio pelo disque-denúncia. A sociedade oprimida não via mais no Estado como agente saneador da situação. Isso é só o começo”, disse. “Devemos aprimorar os projetos que nós mesmos votamos, abolir as visitas íntimas em presídio de segurança máxima e também adotar a vídeo conferência como norma para audiência de bandidos perigosos. Evitaríamos o turismo judiciário e eliminaríamos a figura do pombo-correio entre bandidos e seguidores”, sugeriu.
Em aparte, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) agradeceu em nome do Rio de Janeiro o “discurso lúcido” de Renan e lembrou que em 2004 foi aprovada a atribuição dada às Forças Armadas para trabalhar em conjunto com a Polícia Federal nas fronteiras, mas o que aconteceu foi o aumento do tráfico de drogas e de armas. “V. Exª trabalhou muito aqui, muito! Já deu uma contribuição extraordinária na área da segurança, e poderá nos ajudar também. Sua reeleição foi um ato de revogação mais solene e majestoso do seu povo contra as injúrias, infâmias e calúnias que V. Exaª amargurou em sua trajetória política. A liderança de V. Exª aqui é realmente um brilho nesta Casa. Muito obrigado, senador”, encerrou Crivella.
O senador José Agripino (DEM-RN) disse que a PEC 300 está parada na Câmara e também defende uma boa remuneração para os policiais brasileiros. “O que a Polícia do Rio de Janeiro mostrou – equipada, adestrada, motivada – ao Brasil e ao mundo é exemplar! Coloca o Congresso Nacional e o Governo do Brasil no rumo da obrigação de aprovar essa PEC 300, para um policial bem remunerado, bem adestrado, estimulado.
O senador Valter Pereira (PMDB-MS) disse que são muitas as causas para o aumento da criminalidade no Brasil e uma delas é a facilidade dos bandidos se armarem. Ele assinalou que o sucesso da operação ocorrida no Rio de Janeiro se deve ao investimento que o governo estadual fez em tecnologia, mas o que o preocupa é a possível migração da bandidagem para outros estados. “O Rio de Janeiro está efetivamente dando uma lição de como se deve combater o crime. A imprensa está anunciando que o prejuízo das organizações criminosas nessa operação ultrapassa a casa dos 100 milhões de reais. Me preocupa a migração dos bandidos para outras cidades. Por isso, é preciso discutir em todos os âmbitos uma medida global de segurança pública”, alertou.
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) também aparteou Renan, e disse que a operação policial deve ser permanente e com reforço da fiscalização nas fronteiras para impedir o tráfico de armas e de drogas.
