RENAN LAMENTA PERDA DO AMIGO JOSÉ ALENCAR

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras. Na vida pública, uma das atribuições que mais pesam é, sem dúvida alguma, a de lamentar a perda de homens públicos da magnitude de um José Alencar. É com muito pesar que pranteamos essa grande perda para o Brasil como um todo; uma lacuna para a classe política e também para a classe empresarial. Ainda haveremos de sentir a falta de José Alencar por muitos anos.
Tive a honra, Sr. Presidente, Srs. Senadores, e a oportunidade de conviver um longo período com José Alencar, quando ele, exatamente pelo PMDB, enobrecia este Senado da República, onde chegou legitimado por mais de três milhões de votos dos mineiros. Foram anos, sem dúvida alguma, muito profícuos para o Senado Federal.


O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB – SE) – V. Exª me concede um aparte, Senador Renan Calheiros?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL) – Senador Valadares, com muita honra, com muito prazer, apesar da hora.
O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB – AP. Fazendo soar a campainha.) – Senador Valadares, S. Exª está encaminhando um requerimento, não há aparte, mas eu já inscrevi V. Exª como orador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL) – Muito obrigado.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB – SE) – Agradeço a V. Exª.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL) – Assim como na iniciativa privada, Sr. Presidente, Alencar também brilhou na seara política. Não por outro motivo foi escolhido Vice-Presidente do Presidente Lula na eleição de 2002, desejo que já manifestara antes em algumas vezes em conversas reservadas que tivemos ao longo da convivência aqui no Senado Federal.
A trajetória de José Alencar tem peculiaridades que se harmonizam com o homem público José Alencar. Mesmo alcançando os maiores postos na sua dupla militância, empresário de sucesso e político destacado, Alencar conservou a simplicidade que trouxe de sua terra natal, Muriaé, em Minas Gerais. Alencar tampouco perdeu a marca do empreendedor que o acompanha desde sempre.
As singularidades desse predestinado vão mais além, Sr. Presidente, Srs. Senadores. Já aos 14 anos estava ajudando o pai, Antônio Gomes da Silva, na pequena loja de tecidos no interior. Emancipado pelo pai, Alencar virou empresário aos 18 anos quando abriu seu primeiro comércio. Lá ele vendia tecidos, calçados e um pouquinho de tudo, como é comum nos estabelecimentos comerciais do interior do Brasil.
Sua obstinação o levou a projetos sempre maiores poucos anos depois. Assim, construiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que foi o embrião da empresa Coteminas, conglomerado que hoje conta com 16 mil funcionários e 11 unidades em todo o Brasil, com um dos parques têxteis mais modernos do País. Este é outro traço marcante de José Alencar: a busca pela modernidade, a busca pela eficiência.
A formação precoce de José Alencar e seu espírito empreendedor acabaram, Sr. Presidente, Srs. Senadores, por forjar uma alma independente, irrequieta e livre por natureza. Quando a grande parte do empresariado mantinha reservas contra a candidatura do Presidente Lula, em 2002, foi José Alencar o empresário responsável por superar esse preconceito, aceitando ser candidato a vice na chapa vitoriosa daquele ano. Alencar, naquele momento, era ainda vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria – CNI.
Sua natureza independente, arrojada, voltaria a se manifestar dentro do próprio Governo que ele ajudou a eleger. Alencar formava uma espécie de exército de um homem só, combatendo, dentro do Governo, as altas taxas de juros praticadas pelas autoridades monetárias de então. O futuro, Sr. Presidente, se encarregou de demonstrar que Alencar estava com a razão. Quando os juros finalmente baixaram, o Brasil entrou em uma espiral de crescimento econômico que favoreceu exatamente aos menos favorecidos.
A obstinação e a vontade de fazer o certo são, sem dúvida alguma, os maiores legados de José Alencar. Em uma resistência incomum, Alencar desafiou, sempre com bom humor, a doença que vinha lhe afligindo há anos. A resistência heroica só pode ser explicada pela suprema vontade de viver. Foram nada menos que 17 intervenções cirúrgicas que debilitariam muitos outros nas mesmas circunstâncias. Mas ele, dia a dia, passou por mais essa provação e foi vencendo seu inimigo até que, enfim, já cansado, pôde, finalmente, descansar.
Aos brasileiros, aos homens públicos e aos empresários cumpre honrar, Sr. Presidente, a tenacidade e o espírito público de José Alencar. Que ele repouse em paz perto de Deus, que saberá, sem dúvida alguma, acolhê-lo em um lugar merecido, onde ele possa descansar depois de tantas batalhas pesadas.
Sr. Presidente, eram essas as considerações que gostaríamos de fazer em nome da bancada do PMDB no Senado Federal.
Muito obrigado a V. Exª.

 

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