CULTURA DE ALAGOAS FICOU MAIS POBRE

A cultura de Alagoas perdeu uma de suas referências com o falecimento do ator, teatrólogo, escritor e jornalista Bráulio Leite Júnior. Ele faleceu no último dia 27 de fevereiro, aos 81 anos em Alagoas.
Apaixonado pele estado e pelo teatro,  Bráulio é um intelectual refinado e plural. Homem sem rebuscamentos, polemista, atento ao que acontecia em Alagoas e no mundo. Bráulio Leite deixa uma contribuição imensa para a dramaturgia e as artes em geral na nossa terra.
Nas décadas de 70 e 80, sua capacidade de trabalho chegou ao auge e ele se multiplicou como gestor cultural. Dirigiu, durante 30 anos, o Teatro Deodoro, criou o Teatro de Arena Sérgio Cardoso e o Teatro Lima Filho, incentivou e foi decisivo para a fundação do Museu da Imagem e do Som de Alagoas e organizou e deu vida à Escola de Música, que veio a se tornar o Centro de Belas Artes. 
Foi graças à sua visão que, a antes tímida Orquestra de Câmara de Alagoas, veio a se tornar a Orquestra Filarmônica de Alagoas, hoje infelizmente extinta.

Seu apego à terra natal chegava ao ponto de renunciar a vantagens profissionais e talvez à glória artística, que vinham dos convites – sempre recusados – de se mudar e atuar nos grandes centros do teatro brasileiro e até no exterior.
Depois de uma vida inteira dedicada a construir e incentivar a cultura em Alagoas, Bráulio Leite se aposentou e escolheu para moradia e repouso o Sítio Velho, em Paripueira.Moradia, sim; repouso, nem tanto.
Continuou a ser procurado por pesquisadores, dramaturgos, artistas, jornalistas, que iam consultá-lo ou buscavam informações, conselhos, ideias, opiniões – e estes testemunham que Bráulio nunca deixava ninguém ao relento.
Isso sem contar a legião dos amigos da vida inteira, que acorriam às grandes varandas, pelos arvoredos do Sítio Velho, para ouvir as histórias do veterano prosador. Há relatos saborosos, desde as suas lembranças de quando Procópio Ferreira e a filha Bibi vinham atuar em Maceió, até revelações valiosas sobre a presença militar norte-americana, durante a Segunda Guerra Mundial, na antiga base de hidroaviões à beira da lagoa, no Vergel.
Dono de memória prodigiosa, Bráulio Leite era do tipo de interlocutor a quem nunca faltava assunto. 
Caetano Veloso, num verso de “A tua presença”, canta a pessoa que “mantém sempre teso o arco da conversa”. Assim era Bráulio.
A ausência de um vulto desse quilate deixa luto, saudade e um vazio difícil de preencher, principalmente em Alagoas, que se ressente de sopros mais vigorosos de incentivo às artes cênicas e de vitalidade no suporte à cultura em geral. Bráulio Leite fará uma grande falta, já está fazendo muita falta.
 
 
 
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