O brasileiro certamente teve muitos motivos para comemorar bastante o carnaval que passou. Afinal a economia do País vem crescendo de maneira sustentável, o emprego está em alta e os salários cresceram acima da inflação no ano passado em mais de 95% das categorias profissionais. Mas enquanto celebramos uma verdadeira revolução sócio-econômica somos confrontados com tragédias que pertenciam ao passado.
De acordo com as informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carnaval de 2011 foi o mais violento do Brasil desde 2003. Ano a partir do qual foi instalado um sistema nacional informatizado de coleta de dados. O número de mortos nas estradas federais foi de 213 pessoas, um aumento de 47,9% em relação ao carnaval do ano passado. A cada 19 acidentes houve um óbito. Em 2010 a mesma relação era de uma morte a cada 22 acidentes.
Mesmo sem dispor de dados estatísticos anteriores a 2003, a direção da Polícia Rodoviária Federal avalia que esse tenha sido o carnaval mais violento da história nas estradas federais. O número de feridos ficou em 2.441 (mais 27.4%) e o total de acidentes em 4.165 (mais 28,7%). Os dados dizem respeito ao período de seis dias de carnaval e se restrigem às estradas federais. Ou seja, apenas 25% das rodovias de todo o Brasil.
Neste período é natural um expressivo aumento no fluxo de veículos, além de chuvas e algumas estradas em péssimas condições de tráfego e de sinalização. Entretanto, a maior causa dos acidentes continua sendo a imprudência dos motoristas. Dirigir com responsabilidade e defensivamente é uma das premissas para diminuirmos estas estatísticas.
Quando fui honrado com a indicação do PMDB para chefiar o ministério da Justiça, tive a oportunidade de implantar centenas de regulamentações pendentes do Código de Trânsito, um dos mais modernos do mundo. As medidas, aliadas a uma severa fiscalização pouparam, apenas no primeiro ano, mais de 6 mil vidas nas estradas federais.
As autoridades de trânsito não podem amolecer na fiscalização. De outro lado, o poder público precisa massificar as campanhas educativas como meio mais eficaz para devolver a civilidade às nossas estradas. Outra medida correlata é a implantação urgente da disciplina de trânsito nas escolas e o aumento do efetivo da Polícia Rodoviária. A interação das esferas de governo e a conjugação destes fatores irá contribuir para a reversão destes números tão sombrios.
