Pelos números mais novos existem cerca de 16 milhões de armas em circulação no Brasil. Quase a metade delas – 47,6% – está na ilegalidade. Isso representa 7,6 milhões de unidades em poder de civis e marginais. Com a média de 34,3 mil homicídios ao ano, o Brasil segue ostentando o triste título de campeão mundial em números de mortes por armas de fogo porque a arma no Brasil foi banalizada. Como sempre as maiores vítimas seguem sendo os jovens.
A pior situação foi verificada nos Estados de Rondônia, Sergipe e Amapá. Os estados melhores avaliados foram São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro. De acordo com o levantamento, de cada dez armas apreendidas no Brasil, oito são fabricadas no País e apenas duas vêm de fora. Entre as armas de origem estrangeiras, 59% são fabricadas nos Estados Unidos.
O segundo mercado fornecedor é a Argentina (16,7%), seguido de Espanha (6,9%), Alemanha (6,4%) e Bélgica (4,1%).
É sabido que a posse de uma arma não ajuda o cidadão de bem, uma vez que ele é sempre surpreendido e não tem destreza para manejar as armas. Sempre se soube que o produto brasileiro – pistolas e revólveres – é arma que alimenta o crime nas grandes cidades. Esta nova rodada apenas confirma que armamentos de grande porte, fuzis russos e israelenses, apesar de muito explorados no noticiário, sempre foram minoria.
Outra constatação relevante do mapa da arma ilícita no Brasil mostra que o crime utiliza armas de baixo calibre, como revólveres, pistolas e espingardas. Nada menos do que 80% das armas apreendidas são de revólveres e pistolas. Segundo os coordenadores do estudo foram identificados 140 pontos de entrada de armas no Brasil, por fronteiras secas.??Mas o número de armas que entra pelas fronteiras secas é irrisório se comparado com o número de armas fabricadas no país, compradas legalmente, que vão para a ilegalidade.
Outro dado curioso do estudo confirmou que boa parte das armas apreendidas, mesmo aquelas adquiridas em países vizinhos, como Paraguai, é produzida no Brasil. Só no Mato Grosso do Sul, por exemplo , 28,3% das armas apreendidas eram fruto de exportação de fabricantes brasileiros. O Mato Grosso do Sul faz fronteira como Paraguai. Ou seja, a arma é vendida para fora, mas retorna ao País. Em muitos casos esta exportação ocorre só no papel.
Para melhorar essa triste realidade é imperioso apertar o controle com políticas mais rigorosas de fiscalização do armamento fabricado no Brasil e, também, entre os comerciantes desses produtos.?Isso porque,?das 288 mil armas apreendidas nos últimos dez anos, verificou-se que 30% foram adquiridas legalmente. Ou seja, continuamos diante da constatação de que, no Brasil, quem alimenta o crime, de forma direta ou indireta, são as armas vendidas legalmente. Ajustar a fiscalização deve ser umas das prioridades do governo.