A vinda do presidente norte-americano ao Brasil pode não ter apresentado resultados imediatos no comércio bilateral ou na redução de barreiras econômicas para produtos brasileiros ingressarem nos EUA. Tampouco conquistamos o firme apoio dos Estados Unidos para o ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Mas a importância estratégica da visita é inquestionável. A relevância da visita, no ápice da crise com a Líbia, está menos nos acordos assinados e mais no que disse o presidente norte-americano. Barack Obama, em seu discurso no Rio de Janeiro, enalteceu a democracia e os programas sociais que reduziram a miséria no Brasil e ajudaram a distribuir renda.
As palavras de Obama convergem com a auto- estima brasileira e com a convicção de que estamos no rumo certo no que tange às políticas sociais. Obama mencionou os progressos obtidos pelo Brasil na última década e, em especial, citou a redução da pobreza e o fato de que a metade da população brasileira hoje está na classe média.
Este fenômeno, em grande parte, pode ser creditado ao crescimento da massa salarial nos últimos anos. O mais recente levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que, em 2010, 89% das categorias na indústria, comércio e serviços tiveram aumento real de salário, ou seja, reajuste acima da inflação.
Esta é a maior proporção de negociações acima da inflação de toda a série histórica, iniciada em 1996. Após analisar os reajustes de 700 unidades, o DIEESE concluiu que cerca de 96% delas conseguiram, pelo menos, repor a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Ainda de acordo com DIEESE, em 2010, houve queda no número de negociações com reajustes salariais insuficientes para repor a inflação. O comércio apresentou a maior proporção de negociações com ganhos reais nos salários em 2010, 96% do total do setor. Indústria e serviços ficaram com 91% e 83% das negociações com aumento real, respectivamente.
A forte expansão dos salários, a política de aumentos reais para o salário-mínimo e os programas de complementação de renda ajudaram a melhorar o quadro da economia brasileira rumo ao resgate social que a sociedade reclama há tempos. O êxito desta política vem obtendo reconhecimentos recorrentes.
Não por outro motivo o chefe da nação mais poderosa do planeta elogiou o Brasil em seu discurso de despedida no Rio de Janeiro: “Vocês são a prova de que justiça social e inclusão social podem ser melhor conquistadas por meio da liberdade e que a democracia é a maior parceira do progresso humano”.
