O senador não esqueceu de citar a luta do conterrâneo Zumbi dos Palmares, cuja luta permanece “em um país construído sob a égide do trabalho forçado de negros e indígenas, onde permanece no imaginário do brasileiro uma série de preconceitos”, disse.
– Ainda vivemos – acrescentou – em um País onde um homem pode se sentir profundamente agredido por ter sido tratado com palavras de cunho racista durante uma discussão de trânsito, chegar em casa e bater em sua esposa por não encontrar o jantar preparado, ou tratar mal o subalterno idoso da repartição onde trabalha – lamentou, em outro trecho.
Renan também criticou a suposta normalidade da situação com que ainda são tratadas as crianças que trabalham em casas de famílias, as “Marias”, que servem e limpam a sujeira de seus patrões, afirmando que é nesse pretenso costume que é alimentado o preconceito que rotula o negro indolente, o índio incapaz, a mulher submissa, o pobre alcoólatra e o velho inútil. O líder do PMDB lembrou que, em Maceió, atualmente as vítimas são os moradores de rua, perseguidos por serem pobres e estarem à vista de todos.
– Foram 32 assassinados, mas o fato não sensibilizou as autoridades – afirmou.
Também enfatizou que, em São Paulo, o nordestino leva a culpa pela falta de emprego e o aumento da violência.
– Se o nordestino ainda por cima for jovem e negro é candidato certo para ser espicaçado numa blitz, baleado por um grupo neonazista numa rua da periferia ou apanhar na saída de um estádio de futebol – assegurou.
O senador alertou ainda que a crise econômica, que continua abatendo o mercado mundial e restringindo a capacidade de consumo do trabalhador dos outros países, tem ajudado a recrudescer preconceitos e xenofobia.
– À população afro-descendente de nosso País, titular original desta homenagem do Senado Federal, meu profundo respeito por todos aqueles que acabaram por pagar com a própria vida pela construção das bases da nossa nação – completou.