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O barraco de Campos Salles

Hoje Sarney me lembrou – por essas coisas gosto tanto de conversar com ele – que logo depois de nossos antepassados alagoanos (Deodoro, Floriano e Hermes de Fonseca, sobrinho de Deodoro que como ele foi monarquista, tornou-se republicano e depois seria presidente) proclamarem a República, Campos Salles, que estava ministro da Justiça, protagonizou um barraco na reunião ministerial. Chegou a defender, publicamente, a necessidade de fraudar as eleições.
Por que ele imaginou e defendeu isso? Porque os republicanos não tinham o apoio das ruas, a monarquia continuava forte no povo. Campos Salles queria o voto aberto. Mas os chefes políticos, os oligarcas, eram monarquistas, e antes de qualquer coisa a República necessitava de suas adesões, já que o voto aberto era colocado em envelopes com cédulas, distribuídas por eles.
Para apressar a mudança de um regime para o outro, se fosse necessário, eles faziam intervenção estadual. Houve estado em que fizeram oito ou nove intervenções seguidas. Nessa confusão, portanto, era preciso escancarar o voto.
Qualquer semelhança com a atualidade – projeto de resolução e agora pedido de liminar no STF – é mera casualidade.

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